post\stone v2.1a

fimmtudagur, nóvember 23, 2006 "dos rápidos hesitantes" ou "metralhadora do deserto" ou "cifrão como %"

meu reflexo nos seus olhos é como a lava dentro da palavra:
é quebrado ao meio, é antecedido pelo pa do pavor, e, olhando mais a fundo, sequer está lá

foda-se seu saxofone, pro inferno com a sua vela de cristal
aqui eu quis a estrutura e ali eu passei mal

e quantas páginas não se rasga
quantas folhas não se queima
quantos desejos não se fundem
quantos chapéus não voam e
quantas cordas não se arrebenta
quando o que se tem no fim é só um navio partindo
rumo ao oceano que se perde e que se acha

e a natureza não precisa das escadas nem dos passos em falso pra saber que o céu existe
a certeza é a mais pura forma da incerteza, se a única verdade é que se está só

a metade da vela vira pó
outra metade derrete, seca e se enterra
mas não se esquece de quando deixou de ser doce
pra amargar, esquentar, queimar e nadar
na água do que costumava ser si mesma
e se afunda pelos campos passados, aquece e desce pelas veias dos inocentes
que mentiram, sim, mas levaram o caminho contrário, salvaram as almas e são bem-aventurados


mas hoje
eu deleto os sonhos,
eu mato as luzes e espanto os vagalumes com a fumaça clara que eu não vejo e nem me preocupo em ver
se é sala escura
se é medo
se é mancha na retina
se é luz do quarto do vizinho
se é vulcão cospindo flor de lótus

levanto pra campainha sim, durmo na tábua de madeira sim, esqueço seu nome, o revólver novo chega amanhã, preciso trocar

o escapamento do carro, o mateus queria falar comigo ontem, todas as estrelas de hoje vão apagar daqui a noventa e três

anos, a porta dos fundos está emperrando, aquela linha de ônibus é um lixo, esse mundo tá muito m


rafael at 9:34 e.h.
#98

antagonia
quanta angústia
falta harmonia
só antagonia é
tanta
agonia


rafael at 3:02 f.h.
fimmtudagur, nóvember 16, 2006 quantas vezes você consegue piscar em um segundo?

corpos sobrepostos
gotas de sangue pingando do teto
galinhas do inferno cacarejando alguma perda
a noiva de plástico e as moscas pousando em seu véu
o programa de apoio moral na tv com as cores trocadas
as palavras escorridas rasgadas da tinta da parede

.

e as moscas pousavam no teto
o sangue espirrava e trocava as cores da parede
as palavras sobrepostas rasgavam os corpos
a televisão botava ovos
e era a bonequinha quem me consolava



(foi um acidente)


rafael at 10:27 e.h.
þriðjudagur, nóvember 14, 2006 antes fosse um morro de uma vez.

essa viagem pelo abismo de st. maya é tão longa
que já nem sei a diferença
entre quando caio
e quando vôo.


rafael at 2:32 f.h.
fimmtudagur, nóvember 09, 2006 could these sensations make me feel the pleasures of a normal man

era um moço, mas não era um rapaz. ele pensava em como salvar o mundo, mas não tinha nenhum crânio na sua mão direita, e nenhuma faca na sua mão esquerda. atravessou o portão enferrujado e caminhou até a calçada, que tinha acabado de ser varrida e já não tinha mais nenhuma folha seca que pudesse ser pisoteada. foi até a lata de lixo da esquina e olhou-a fundo, tampando o sol com o rosto.
depois de alguns segundos, f....:
"imagine um mundo distante, ou que o rio antes não corria nessa direção."
meteu os braços lá dentro e apontou pro refrigerante que saía de uma lata amassada e molhava provas colegiais de notas baixas com nomes já ilegíveis, pedaços de papel higiênico usado, e penetrava em alguns sacos plásticos rasgados.
"qual é a busca, se os lados não se tocam pelas mãos? por que cortar essas veias fora, mergulhar os olhos nos ponteiros de uma hora, voar pelas pedras rasgando as velhas cicatrizes, se no fim o túnel era só uma caixa, e a luz vinha de um pequeno furo, feito pra não se esquecer que fora do mundo há algo pra ser visto?"
os papéis, as latas, o saco plástico, as moscas, e todos os outros lá presentes prestaram muita atenção no que ele disse e refletiram, analisando profundamente cada uma de suas palavras.
ele tirou a cara de lá e atravessou a rua.


rafael at 10:59 e.h.



das memórias.