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mánudagur, ágúst 21, 2006 e é nesse dia que eu solto sua mão.

cansei.
não quero mais brincar.
não quero mais tentar trocar papel por plástico e plástico por papel repetidamente.
não quero mais brincar de tentar voar.
escolher a asa certa é mais letal e perigoso que respirar no espaço.
e eu não teria pra onde ir.
voar parece bonito.
se afogar também.
não quero mais brincar de queijo artificial.
não quero mais brincar de controlar as vidas, engordar as vidas, e acabar com as vidas.
por um pedaço de papel.
existem vidas com valor.
o som é bonito.
os gritos de socorro dos heróis que já se foram.
e também dos que já se foram, mas ainda insistem em existir.
pra continuar se aclamando como herói.
não quero mais ver as meninas rindo e se empurrando.
os meninos se chutando.
as jovens apontando e rindo.
as jovens contando seus feitios sexuais.
a calçada sozinha.
cheia de plástico e folhas secas arrastadas de vez em quando.
o silêncio que existe no barulho.
a longa e solitária jornada.
só.
e ao lado.
o oceano.
o infinito que separa meus sonhos das minhas cicatrizes.
o infinito que separa meus sonhos das infinitas cicatrizes que eles causam.
mesmo sendo apenas sonhos.
o som continua bonito.
e perdido.
tão perdido quanto eu.
continuo jogando as palavras.
respirar dói.
a tosse me deixa bem.
sinto-me bem quando minha vista fica turva.
a arte de rezar e reconstruir.
pelo simples desprazer de ver tudo se desconstruir.
nada disso acontece propositalmente.
talvez algum dia me joguem entre as linhas paralelas de um caderno de folhas amareladas por café.
eu não quero.
respirar dói.
cansei.


rafael at 10:49 e.h.



da memória.