post\stone v2.1a

þriðjudagur, nóvember 29, 2005 digam para a rainha que hoje (hoje) eu estou vivo

é como se a minha vida estivesse sendo expirada e eu não conseguisse inspirá-la de volta. a minha visão se torna progressivamente acinzentada, fazendo eu me sentir cada vez mais distante do pouco que consigo ver.
toda essa dificuldade nos movimentos, nos olhos, nos pulmões... acho que estou mesmo vivo, e algo dentro de mim faz-me insistir em continuar respirando, ou pelo menos em continuar tentando.
eu vejo uma janela. e eu vou para perto dela. prevendo e pressentindo o ar puro, fresco e utópico da madrugada, levanto aquele vidro como se estivesse jogando flores aos mortos em um rio, preparando-me para minha própria salvação. mas não dá. acabo drogado pela poluição.

só que, de alguma maneira, essa distância, essa destruição, tudo isso me agrada.


rafael at 6:59 e.h.
fimmtudagur, nóvember 24, 2005 #61 of insects

era um inseto desesperado
era uma vida sem sentido
era um vagão desprendido

estou indo ver o mundo pelos olhos de um cego.


rafael at 12:25 f.h.
miðvikudagur, nóvember 23, 2005 #60 black clouds they rain down_______

a tristeza cresce num jardim.
ela é uma linda flor.

na vida, a chuva nunca pára.

trovões.

a tristeza é uma linda flor.
ela cresce no jardim.

dentre as gotas e as nuvens escuras eu vejo a lua.
a lua é a luz
mas a luz vem do sol.

o sol caiu.

e a lua está indo embora.


rafael at 12:36 e.h.
þriðjudagur, nóvember 08, 2005 denial 2

esfriando.
escurecendo.
desaparecendo.
sumindo.
dizendo tchau.
dizendo tchau.

ninguém.

não se vê mais ninguém.


o mundo fecha as cortinas lentamente.
ninguém aplaude.

ninguém olha para cima tentando ver alguma claridade.
as direções insignificam.
as luzes já estavam apagadas.

ninguém as acendeu para enxergar o caminho.
ninguém se preocupou em existir.

~

as saídas se abrem,
as linhas podem ser ultrapassadas.


ninguém passa por elas.
todos estão cansados.

ninguém está feliz.


ninguém quer viver sua própria negação.
todos estão cansados.

ninguém se preocupa em existir.


rafael at 1:13 f.h.



das memórias.