laugardagur, september 10, 2005
carbonizando
as crianças que hoje correm pela casa descrevem o futuro.
se cansam, e
se sentam, e
se abraçam, e
se beijam.
elas ainda não acham que verbos conjugados no gerúndio ficam estranhos.
elas não estão chorando.
elas não estão sofrendo.
elas não estão sangrando.
elas não estão morrendo.
... elas ainda têm o pronome /se/.
e eu, um ditongo decrescente, me encontro aqui, perdido no presente incondicional.
abaixo a cabeça e vejo leves gotas caírem e umidecerem a terra,
tão leves...
como uma planta com vergonha de ter que se molhar,
ou uma chuva... que tem medo de despencar~
vejo, narro, descrevo, e lamento, como se fosse me levar a algum lugar,
aquilo que todos chamam de
"o passado."
mas pra mim ele... ele não veio embrulhado
e enquanto penso nisso,
a terra pára,
corta as crianças,
e me diz:
you haven't seen enough.
you haven't seen enough.
you think you have seen it all
but you haven't seen enough.
rafael at 3:11 e.h.