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laugardagur, janúar 15, 2005 quem quer brincar de cobrinha?

acabamos sendo obrigados a acreditar em meias verdades e nos atirar aos chãos, buscando abraçar uma lúcida reflexão, que na verdade nada é além de uma simples sombra. uma simples sombra.

e ninguém dirige mais sua vida.
ou talvez nunca ninguém tenha a dirigido.
somos guiados por ilusões, nos atiramos em calçadas cada vez mais encatarradas e poluídas, sendo pisoteados e sangrando cada vez mais e mais profundamente, cultivando cicatrizes cada vez mais e mais profundas, buscando uma essência-virtude chamada felicidade. uma felicidade barata. em um simples reflexo.

essência? creio que não.
talvez os sentimentos, em geral, sejam nossa verdadeira essência.
mas qual a utilidade de um sol se ele não tem o que iluminar?
mas pra que o sol precisa de uma utilidade?

qual o sentido de vender todos seus sentimentos graciosamente aglomerados só pra adquirir uma simples e industrializada amostra grátis de felicidade eterna -- que ao menos dura pra sempre?

mas tudo isso parecia ser bonito no começo. se apaixonar, buscar uma vida nova, buscar sentimentos novos, conversas novas. experiências novas. e se fuder de novo. yay. tudo isso parecia ser.
e é pra isso que existimos? buscar nosso maldito reflexo? buscar nossa outra asa? voar?
e onde chegaremos, se tudo o que fazemos, ou que podemos fazer, é ficar trancado em um quarto escuro, alimentando um insaciável desejo de olhar pro próprio umbigo e só levantar o rosto à luz do sol pra rir de companheiros que rastejam e choram, implorando por um pequeno espelho de maquiagem?
ainda sim, queres voar e ver um enorme aglomerado de corpos estirados pelo chão?

então que o trem possa partir.
e que as pessoas possam ouvir, com prazer, as palavras de amor levemente sussurradas que um fone de ouvido pode lhes proporcionar.

tudo o que vai, volta.
mas quando voltar, pode não ser exatamente a mesma coisa que foi.
somos uma geração que ama?
senhor deus, posso jogar a culpa do fato de eu não encontrar minha asa esquerda na superpopulação da humanidade?


rafael at 4:16 f.h.



da memória.