sunnudagur, september 24, 2006
vê?
fino feixe de dor:
atravessa o corpo
e arremessa mais um morto
em vão
i
era flor que desabrochava no inverno
palavra solta
na folha toda branca:
pouco, tudo.
ii
era nota repetida batendo no chão
calma
como chuva fria recheando o tempo
sem trovão pra ajudar.
iii
era o som das árvores respirando
tambor perdido no meio do mar
(não do instrumento, mas do que se gira pra matar.)
iv
era a guerra lutada por mil anos
pelos filhos dos netos dos que já não se lembravam mais do motivo
era a guerra do silêncio, do silêncio entre cada fala
do valor que nunca se teve, do valor que nunca se deu
e do planeta que não teve nem deu ouro nem brilho o bastante pra fazer duas coroas.
v
e era o v
e ele não era de verdade, nem de vida
só era perdido
perdido e mal-rimado
de tal jeito que não tinha mais onde se apoiar.
rafael at 1:57 e.h.